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quinta-feira, 15 de março de 2012
Presas Travestis têm ala especial e fazem arte
Detentos produzem materiais de artesanatos e recebem capacitação
KELLY MARTINS
G1MT
G1MT
Com cabelos e unhas pintados, maquiagem e roupa feminina, detentos homossexuais de Mato Grosso conquistaram a oportunidade de expressar a sexualidade em uma ala exclusiva para gays e travestis no Centro de Ressocialização de Cuiabá. O espaço no presídio está em funcionamento há quase um ano e abriga atualmente 15 reeducandos.
A ala dos homossexuais permite a separação dos que assumem esta opção sexual dos demais presos e surge como alternativa para combater a violência e discriminação contra esses detentos. No presídio, eles desenvolvem trabalhos artesanais como a confecção de objetos de decoração em tecido e jornal. Além disso, os detantos também aprendem a fazer acessórios femininos, pintura em tela, trabalhos em madeira e camisetas customizadas.
A equipe de reportagem do G1 teve acesso à ala e acompanhou o trabalho desenvolvido por eles, que recebem o benefício da redução de um dia na pena para cada três dias trabalhados. De acordo com a gerente da unidade prisional, Alvair Maria Barbosa, todo o material utilizado no trabalho realizado pelos presos foi doado por empresas privadas. O artesanato produzido pelos detentos homossexuais, segundo ela, é vendido nas feiras e eventos realizados pela Grande Cuiabá.
Um dos detentos da ala gay tem 19 anos e está preso por um homicídio cometido em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá. “Me sinto valorizada e respeitada aqui. Também tenho a oportunidade de aprender uma profissão e poder seguir com ela lá fora”, destacou o detento, o primeiro a ser encaminhado para a ala especial, há um ano.
O material que mais gosta de produzir, relatou o detento gay, são tiaras. De diversas cores, estampas e delicadas, o acessório, conforme ele, se tornou um dos principais itens vendidos. Há também o artesanato produzido com fuxico que, segundo outro reeducando travesti, de 38 anos de idade, já se tornou especialista. “Sou cabeleireiro, mas gostei muito de aprender este tipo de artesanato e estou me saindo muito bem”, garantiu.
Espaço exclusivo
A gerente da unidade disse em entrevista ao G1 que a criação da ala foi feita a pedido do Centro de Referência de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros, da Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), por meio do projeto “Resgatando a Dignidade”. De acordo com a secretaria, Mato Grosso é o segundo estado a criar o atendimento à comunidade carcerária LGBT e o primeiro a normatizar medidas protetivas como políticas públicas. Uma ala especial para o público LGBT já existe desde 2009 em um presídio de Belo Horizonte (MG).
O reeducando passa inicialmente por uma triagem realizada por psicólogos para poder ir para a ala especial. A diretora explica que o objetivo está em combater a violência contra a população LGBT dentro do sistema prisional da capital. “O respeito, a saúde mental e psicológica são o mais importante. Dessa forma o projeto surgiu da necessidade de se ter estratégias voltadas para tentar intervir na vulnerabilidade desse público que já sofre com a discriminação”, frisou.
Além da valorização da autoestima, segundo Aldair Barbosa, os reeducandos mudaram o comportamento dentro da unidade. “Antes eles eram mais agressivos. Atualmente, eles se sentem mais respeitados e por conta disso participam de todos os projetos que o sistema prisional oferece”, pontuou. Ela ressalta que a participação é opcional como ainda a adesão à ala pelo detento também é espontânea.
Integração
Para a coordenadora regional do Centro de Referência LGBT, Cláudia Cristina Carvalho, a ideia é retirar os reeducandos homossexuais da situação de risco e de violência. Porém, garante que não há privilégio aos presos que integram a ala e nem que ocorra segregação. “Tratam-se de pessoas que já lutam contra a violência sexual e psicológica. Com esse espaço, eles podem ter a oportunidade de apresentar a sexualidade e não são mais obrigados a se vestir, por exemplo, como homens da forma como as outras alas masculinas exigem”, observou.
A coordenadora acrescenta: “têm os momentos em que eles interagem com os outros [detentos homens] e possuem, apenas, um espaço especial por um determinado período”, avaliou a coordenadora.
A secretária-adjunta de Justiça e Direitos Humanos, Vera Araújo, reforça que o estado discute o projeto de instrução normativa da ala especial e prevê ampliação para outras unidades prisionais mato-grossenses. Contudo, não há prazo definido. A secretária enfatiza que solicitou ações que garantam os direitos humanos e combatam toda forma de degradação por causa da orientação sexual do gênero da pessoa.
Inédito: Secretaria de Justiça da Bahia empossa ativista travesti nesta quinta (15) .
Paulete Furacão é militante do movimento LGBT e será a primeira a assumir cargo no órgão
Foto: Genilson Coutinho/Dois Terços
Paulete Furacão tomará posse nesta quinta-feira
Fonte: www.correio24horas.com.br
Da Redação
Pela primeira vez uma travesti tomará posse de um cargo na Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos da Bahia (SJCDH). A ativista do movimento LGBTT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), Paulete Furacão, deverá ser uma das promotoras dos direitos da comunidade gay do estado. Ela foi escolhida pela atuação à frente da Associação Laleska de Caprid, no bairro do Nordeste de Amaralina.
"Até hoje nunca houve uma oportunidade para uma travesti dentro de um órgão do governo na Bahia, principalmente para um cargo com tamanha importância. Uma das minhas primeiras missões é a criação de um campo de trabalho para trans e travestis, criando dessa maneira novas oportunidades de inclusão das minhas amigas e companheiras de lutas", explicou Paulete.
A Secretaria foi criada oficialmente em 1966. Atualmente, o órgão é chefiado pelo secretário Almiro Sena Soares Filho.
Foto: Genilson Coutinho/Dois Terços
Paulete Furacão tomará posse nesta quinta-feira
Fonte: www.correio24horas.com.br
Da Redação
Pela primeira vez uma travesti tomará posse de um cargo na Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos da Bahia (SJCDH). A ativista do movimento LGBTT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), Paulete Furacão, deverá ser uma das promotoras dos direitos da comunidade gay do estado. Ela foi escolhida pela atuação à frente da Associação Laleska de Caprid, no bairro do Nordeste de Amaralina.
"Até hoje nunca houve uma oportunidade para uma travesti dentro de um órgão do governo na Bahia, principalmente para um cargo com tamanha importância. Uma das minhas primeiras missões é a criação de um campo de trabalho para trans e travestis, criando dessa maneira novas oportunidades de inclusão das minhas amigas e companheiras de lutas", explicou Paulete.
A Secretaria foi criada oficialmente em 1966. Atualmente, o órgão é chefiado pelo secretário Almiro Sena Soares Filho.
Sejudh divulga diagnóstico social sobre travestis e transexuais no Pará.
Da Redação
Agência Pará de Notícias
A Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) divulgou na tarde desta quarta-feira (14), o diagnóstico social sobre travestis e transexuais profissionais do sexo que atuam em Belém. A pesquisa de campo foi realizada pelo Grupo de Resistência de Travestis e Transexuais da Amazônia (Gretta), com a Coordenadoria Estadual de Proteção à Livre Orientação Sexual (Clos/Sejudh), e revelou a vulnerabilidade social desse segmento.
Considerados os três grandes pontos de prostituição de travestis e transexuais da capital paraense, a Rodovia BR-316, a Avenida Almirante Barroso e ruas do bairro do Reduto foram visitadas pelos pesquisadores. Cerca de 90 pessoas foram entrevistadas individualmente. “Após uma série de entrevistas, conversas e visitas, realizamos um diagnóstico completo. A estrutura disponibilizada pela Sejudh contribuiu bastante para esta pesquisa, pois conseguimos alcançar um público maior”, explicou Bruna Lorrane, integrante do Gretta.
As condições socioeconômicas, o comportamento sexual e a acessibilidade a serviços de saúde e cidadania, como o registro civil, foram algumas das características avaliadas. Denúncias de violência e maus tratos também foram comunicadas durante a pesquisa.
Com receio de represálias, a maioria dos entrevistados informou que não procura serviços de saúde pública. A automedicação é adotada por 80% deles no tratamento de algumas doenças. O estudo também revelou que, por almejarem um corpo mais feminino, muitos usam hormônios comprados em farmácia e manipulados sem qualquer tipo de orientação médica.
Preconceito - Quanto ao grau de escolaridade, 15% completaram o ensino fundamental, e apenas 10% concluíram o ensino médio. Dentre as justificativas mais comuns está o preconceito nos ambientes escolares. “A fuga escolar e a falta de qualificação contribuem para que essas pessoas acreditem que só a prostituição é uma fonte de renda”, ressaltou Bruna.
Dos entrevistados, 72% têm como única fonte de renda a atuação como profissional do sexo, sendo que 52% destes conseguem de 1 a 3 salários mínimos mensais. Mas 77% afirmaram que, caso houvesse outra fonte de renda, abandonariam a prostituição. Dos entrevistados, 55% estão na faixa etária de 20 a 29 anos.
Com a pesquisa, a Sejudh e o Gretta pretendem que esse grupo seja priorizado nas políticas públicas voltadas ao segmento LGBT. Os organizadores do estudo também pedem a realização de rondas policiais para manter a ordem nos pontos de prostituição.
Outra medida prevista é o atendimento especializado para emissão de documentos básicos. A ação de cidadania proposta pela Sejudh visa beneficiar cerca de 70% dos entrevistados, que informaram não ter os documentos básicos.
Para os idealizadores do estudo, o enfrentamento à exclusão, à violência e ao preconceito também inclui a adequação de um hospital público para a realização da operação de transgenitalização (mudança de sexo) e de tratamentos hormonoterápicos para travestis e transexuais. “A partir da próxima segunda-feira (19), a Clos e o Gretta iniciarão os encaminhamentos para que o público trans seja atendido o mais rápido possível“, disse o coordenador Estadual de Proteção à Livre Orientação Sexual, Samuel Sardinha.
Texto:
Ellyson Ramos - Sejudh
Fone: (91) 4009-2708 / (91) 8141-7110
Email: ellysonramos@gmail.com
Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos
Rua 28 de setembro nº 339 - Comércio. Belém-PA - CEP: 66010-100
Fone: (91) 4009-2722 / 2723 / 2744 / 2700
Site: www.sejudh.pa.gov.br Email: gabinete@sejudh.pa.gov.br
Conhecido como 'Matador de Travestis' morre em Dourados
DOURADOS AGORA 13/03/2012
Foto: Dourados Agora/Arquivo
Paulo Sérgio ficou conhecido como o Matador de Travestis.
O jardineiro Paulo Sérgio de Oliveira, o "Careca", também conhecido como "matador de travestis", morreu na manhã de hoje (13), em Dourados, vítima de infecção generalizada. Paulo cumpria pena na Penitenciária de Segurança Máxima (PHAC).
Ele, que tinha o vírus da Aids, estava com o pâncreas comprometido e não resistiu ao tratamento. A informação foi confirmada pelo advogado dele, Isaac Duarte de Barros Júnior.
Paulo Sérgio foi condenado a mais de 180 anos de prisão por dezenas de assassinatos praticados em Dourados e no estado de São Paulo. Somente em Dourados, ele matou mais nove travestis na década de 90, além de um taxista e uma doméstica. Ele já havia cumprido 13 anos de prisão, na PHAC, em Dourados
Foto: Dourados Agora/Arquivo
Paulo Sérgio ficou conhecido como o Matador de Travestis.
O jardineiro Paulo Sérgio de Oliveira, o "Careca", também conhecido como "matador de travestis", morreu na manhã de hoje (13), em Dourados, vítima de infecção generalizada. Paulo cumpria pena na Penitenciária de Segurança Máxima (PHAC).
Ele, que tinha o vírus da Aids, estava com o pâncreas comprometido e não resistiu ao tratamento. A informação foi confirmada pelo advogado dele, Isaac Duarte de Barros Júnior.
Paulo Sérgio foi condenado a mais de 180 anos de prisão por dezenas de assassinatos praticados em Dourados e no estado de São Paulo. Somente em Dourados, ele matou mais nove travestis na década de 90, além de um taxista e uma doméstica. Ele já havia cumprido 13 anos de prisão, na PHAC, em Dourados
Brasileiro que participou de Big Brother inglês passa a viver como mulher
Fonte: http://www.homorrealidade.com.br
O brasileiro Rodrigo Lopes virou destaque no Big Brother inglês, ao formar com Charlie Drummond o primeiro casal gay do programa, em 2009. Agora, com 26 anos, o ex-BBB decidiu começar uma nova vida, vivendo como mulher - Rebekah. E planeja fazer a operação de mudança de sexo em breve.
Em entrevista à revista “Heat”, Rodrigo admitiu que sempre se sentiu como uma mulher. Ele sempre gostou de se maquear e fazer tratamentos de beleza. Mas só criou coragem para viver como o sexo oposto, depois de uma conversa com a melhor amiga.
- Eu comecei a vestir as roupas das minhas amigas. Depois, eu passei a comprar as minhas. As pessoas nas lojas ficavam surpresas. Mas agora eu já saio de casa travestido e acabei fazendo muitas amizades.
Rodrigo contou que chegou a conversar com um médico, sobre a decisão dele. E diz que ainda está preocupado com a reação dos pais, no Brasil.
- Não sei se eles me aceitariam. É difícil para mim. Não é uma decisão fácil, ou uma brincadeira.
O ex-brother vai começar o procedimento para a mudança de sexo tomando hormônios, primeiro. O processo deve demorar um ano e só então ele poderá fazer a cirurgia definitiva.
- Eu nem sei se sou gay, lésbica ou hétero. Mas Rebekah é hétero e gosta de héteros - explicou ele.
Rodrigo disse ainda que Rebekah é uma mulher moderna, mas nunca iria para a cama com alguém no primeiro encontro. Ela tem um temperamento curto e é muito mais louca do que ele poderia ser.
- O que me faz gostar ainda mais disso é a atenção que Rebekah recebe. As pessoas realmente gostam dela. Eu não sei se essa cirurgia vai fazer tanta diferença. Eu já não sou muito masculino - concluiu Rodrigo.
sexta-feira, 9 de março de 2012
Em dia especial, transexuais contam que ser mulher é 'questão de alma'
Estudante e cabeleireira narram como é ser mulher em corpos de homens.
'O sexo não pode ser reduzido à genitália', avalia pesquisador da UFBA.
Tatiana Maria Dourado Do G1 BA
“Uma mulher aprisionada em um corpo de homem”, é assim que se sente a universitária Jeane Louise, 19 anos, estudante do 5° semestre de publicidade, em Salvador. Transexual, assim como muitas outras, quer entrar na fila do SUS para realizar cirurgia de mudança de sexo, processo final da reconstrução de sua estética feminina, iniciada ainda na infância.
Jeane Louise tem 19 anos e estuda publicidade
(Foto: Tatiana Maria Dourado/G1)
(Foto: Tatiana Maria Dourado/G1)
“Chega um momento em que sua verdade é muito forte, é questão de alma. Nas brincadeiras de infância, minhas personagens eram sempre do gênero feminino, me refugiava ali. Depois veio a blusa, o cabelo, a calça apertada, o furo na orelha. Em geral, nenhuma transexual sabe que é transexual, é um processo de conhecimento, de acesso à informação”, afirma.
O enfrentamento das pessoas que nasceram homens, mas assumem papéis sociais femininos e lutam para serem reconhecidas pela maioria é vivido por transexuais como Jeane, que remonta a forma física através de hormônios, silicone, implante capilar e outros paliativos como a maquiagem. Mas o desejo de formalizar a transexualização, para ela, só será completa com a alteração do órgão sexual, que pode ser conquistada por meio da cirurgia de transgenitalização, instituída no Brasil em 2008 com a Portaria de número 457, do Ministério da Saúde. Atualmente, a cirurgia é autorizada apenas em quatro hospitais universitários: um da UFRG, Porto Alegre; um da UERJ, Rio de Janeiro; um da USP, em São Paulo; e o da UFG, em Goiás.
Cento e dezesseis brasileiras já passaram pelo procedimento, que consiste na amputação do pênis e construção da neovagina. É preciso, antes, que a mulher transexual passe por etapas preparatórias, que preveem avaliações psicológicas e psiquiátricas, terapia hormonal, avaliação genética e acompanhamento pós-operatório, conforme especifica o Ministério.
“Vou concluir o primeiro ano de terapia, a fila é enorme e esse trâmite é muito sofredor. Temos que ser guerreiras para conquistar espaço. Mas sei que vou me sentir realizada. Hoje, quando me olho no espelho, me vejo incompleta, com aquilo que não condiz à minha mente. Ser mulher ou homem está na mente, não é a aparência física”, avalia a estudante.
Jeane Louise pretende ingressar no serviço público
(Foto: Tatiana Maria Dourado/G1)
(Foto: Tatiana Maria Dourado/G1)
Jeane Louise encarou cedo o autoconhecimento e aceitação, mesmo em meio ao coro de “viadinho” que diz ter sido bastante emitido pelos colegas no período em que esteve em uma "escola de padres".
“Eu realmente 'metia a mão' neles e ia para a diretoria. Se continuasse ali, iria entrar em depressão, porque eu chegava no colégio, colocava maquiagem e me mandavam tirar. Era horrível! Pensava: se não puder usar em casa ou no colégio, onde iria usar? Saí de lá, fui para uma escola pública e foi lá que me encontrei de verdade como mulher; o pessoal tinha a cabeça mais aberta”, lembra.
Jeane mora com a mãe - os pais são separados - e diz que sabe diferenciar o respeito da aceitação. "Minha mãe teve um filho e até hoje ela não me chama de Jeane dentro de casa. Meu pai era muito machista e me surpreendo com o respeito que me trata. Não digo que me aceitam, mas respeitam e isso já dá força. Faço tudo com os pés no chão”, comenta.
Filha de sargento
A cabeleireira Luana Neves* também luta pela conquista plena de pertencer ao gênero, porém há mais tempo, desde os 18 anos, quando saiu de Mato Grosso do Sul para morar na capital baiana. Neste período, compreendeu que, para ela, mais importante que o processo de transgenitalização seria a retificação jurídica do nome civil. “Tenho convicção de que quero fazer a cirurgia, mas meu principal desejo é o da retificação do nome. Eu evito ir a hospital, banco, fico muito arrasada em relação a isso, porque estou vestida de mulher, mas as pessoas me chamam com meu nome de batismo, não o social, por puro preconceito”, afirma. O projeto de lei 72/07, do deputado Luciano Zica (PV), que prevê a alteração do nome civil para o social nas disposições da Lei dos Registros Públicos (Lei n° 6.015/1973), tramita no Senado e, atualmente, aguarda a designação do relator.
A cabeleireira Luana Neves* também luta pela conquista plena de pertencer ao gênero, porém há mais tempo, desde os 18 anos, quando saiu de Mato Grosso do Sul para morar na capital baiana. Neste período, compreendeu que, para ela, mais importante que o processo de transgenitalização seria a retificação jurídica do nome civil. “Tenho convicção de que quero fazer a cirurgia, mas meu principal desejo é o da retificação do nome. Eu evito ir a hospital, banco, fico muito arrasada em relação a isso, porque estou vestida de mulher, mas as pessoas me chamam com meu nome de batismo, não o social, por puro preconceito”, afirma. O projeto de lei 72/07, do deputado Luciano Zica (PV), que prevê a alteração do nome civil para o social nas disposições da Lei dos Registros Públicos (Lei n° 6.015/1973), tramita no Senado e, atualmente, aguarda a designação do relator.
Luana sonhou e se frustou com a carreira militar
(Foto: Luana Neves/Arquivo Pessoal)
(Foto: Luana Neves/Arquivo Pessoal)
Filha de sargento do Exército, um dos grandes sonhos de Luana, já tentado e descartado, era o de seguir a carreira militar. Chegou a se alistar, passou em todos os testes, inclusive o psicológico e o de aptidão física, experimentou a roupa no quartel. Até que não resistiu ao incômodo do ambiente e confessou ao general a sua orientação sexual.
“Eu tinha no sangue a vontade de seguir carreira na área militar, sempre tive esse sonho, mas, naquela época, me senti muito mal. Estava prestes a assumir uma personalidade que não era a minha”, afirma.
Por vontade, revela que gostaria de ser advogada, no entanto, conta que precisou se condicionar à restrição do mercado de trabalho às transexuais e que é cabelereira não por opção, mas por maior aceitação.
“Quando meus pais saíam de casa, eu colocava a roupa de minha mãe, salto, toalha na cabeça, para fingir que tinha cabelo. Quando a percebia já no portão, jogava tudo aquilo embaixo da cama. Mas eu não sabia em que perfil me encaixava, se era travesti, transexual, drag queen. Eu sempre fui muito fechada e tímida, o que me causou depressão. Eu colocava meus esforços todos no estudo, achava que tinha que estudar para ser uma pessoa de poder”, relembra. Hoje, saias e vestidos, sempre "discretos", são as roupas que mais usa. Já na praia, não abdica de biquínis e cangas.
Ser transexual
O professor e membro do grupo Cultura e Sexualidade, da UFBA, Leandro Colling, explica que, para ser transexual, não é preciso concretizar a mudança do sexo necessariamente com cirurgia. “Existem casos em que a pessoa se identifica como transexual e não deseja fazer a completa mudança no corpo. Tem gente que se sente transexual e basta colocar seio, tomar hormônios, para não deixar crescer pêlos; o pênis é o que menos importa. O sexo não pode ser reduzido à genitália, tem a diversidade”, aponta.
O professor e membro do grupo Cultura e Sexualidade, da UFBA, Leandro Colling, explica que, para ser transexual, não é preciso concretizar a mudança do sexo necessariamente com cirurgia. “Existem casos em que a pessoa se identifica como transexual e não deseja fazer a completa mudança no corpo. Tem gente que se sente transexual e basta colocar seio, tomar hormônios, para não deixar crescer pêlos; o pênis é o que menos importa. O sexo não pode ser reduzido à genitália, tem a diversidade”, aponta.
Gosto de homem que gosta de mulher, mas nem todo mundo tem coragem de assumir a transexual"
Jeane Louise
Colling, que também é membro do Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, órgão do governo federal, explica que categorias como homem ou mulher não devem ser tão rígidas na sociedade. “As pessoas têm ideias fixas nas suas cabeças, mas, se você olhar para a vida, os homens e as mulheres estão cada vez mais borrando essas fronteiras, desde profissões, gestos, produtos, depilação”, relata.
A autoestima das transexuais é trabalhada no processo terapêutico, de modo que elas possam enfrentar os entraves culturais, como argumenta a psicanalista Suzana Vieira, 46 anos. Segundo ela, existe uma tendência dessas mulheres ao isolamento e à depressão, que pode ser agravada pela falta de apoio das famílias. “As sensações começam desde a infância e, desde então, as pessoas a veem como um menino, ela também se vê fisicamente como menino, mas lida com desejos de menina e começa a esconder os órgãos sexuais. A terapia ajuda a pessoa a entender tudo isso”, ressalva a psicanalista.
Relação com héteros
Por serem socialmente mulheres, as solteiras Jeane e Luana se relacionam com homens e hoje se afirmam heterossexuais. “Eu dou até risada com alguns homens desavisados. Às vezes você já está em um nível de envolvimento e aí tenho que explicar que sou transexual. Tem alguns que não gostam. Me considero realmente hétero”, comenta. “Gosto de homem que gosta de mulher, apesar de ser complicado porque nem todo mundo tem coragem de assumir uma transexual”, ressalva Jeane.
Leandro Colling explica que o gênero não se confunde com a prática sexual. “Ser gay é outra coisa. Existem vários homens que transam com outros e a identidade é heterossexual, a gente precisa respeitar isso. A prática sexual não é um elemento definidor de identidade. Se pessoas se sentem mulheres e transam com homens esse sexo é heterossexual”, acrescenta.
*Optou-se, na matéria, por usar os nomes sociais das transexuais.
A autoestima das transexuais é trabalhada no processo terapêutico, de modo que elas possam enfrentar os entraves culturais, como argumenta a psicanalista Suzana Vieira, 46 anos. Segundo ela, existe uma tendência dessas mulheres ao isolamento e à depressão, que pode ser agravada pela falta de apoio das famílias. “As sensações começam desde a infância e, desde então, as pessoas a veem como um menino, ela também se vê fisicamente como menino, mas lida com desejos de menina e começa a esconder os órgãos sexuais. A terapia ajuda a pessoa a entender tudo isso”, ressalva a psicanalista.
Relação com héteros
Por serem socialmente mulheres, as solteiras Jeane e Luana se relacionam com homens e hoje se afirmam heterossexuais. “Eu dou até risada com alguns homens desavisados. Às vezes você já está em um nível de envolvimento e aí tenho que explicar que sou transexual. Tem alguns que não gostam. Me considero realmente hétero”, comenta. “Gosto de homem que gosta de mulher, apesar de ser complicado porque nem todo mundo tem coragem de assumir uma transexual”, ressalva Jeane.
Leandro Colling explica que o gênero não se confunde com a prática sexual. “Ser gay é outra coisa. Existem vários homens que transam com outros e a identidade é heterossexual, a gente precisa respeitar isso. A prática sexual não é um elemento definidor de identidade. Se pessoas se sentem mulheres e transam com homens esse sexo é heterossexual”, acrescenta.
*Optou-se, na matéria, por usar os nomes sociais das transexuais.
Homem transexual que engravidou recebe ameaças contra a sua família
Após a descoberta de que sua esposa não poderia engravidar, Thomas Beatie, transexual masculino (nasceu biologicamente mulher mas vive como homem), decidiu engravidar, para poder realizar o sonho do casal de ter um filho. Nancy, a esposa de Thomas, havia passado por uma histerectomia (retirada do útero), e não podia engravidar. Como Thomas ainda possuía seu ovário, resolveu engravidar.
A ideia deu tão certo, que o casal teve três filhos. Hoje, como popularmente é dito: ele resolveu “fechar a fábrica”. Uma das filhas do casal, Susan Beatie, de 3 anos, adora animais e deseja ser veterinária quando crescer. Em entrevista concedida ao Daily Mail, Thomas falou um pouco sobre como é a vida de um pai transexual e falou da repercussão de suas gravidez e as ameaças que sofre. Thomas afirmou que, desde o anúncio da primeira gravidez, a vida social não tem sido fácil, tendo em vista que a família já recebeu ameaças de morte, além de serem chamados constantemente de “aberração”.
No futuro, ele explica que não esconderá nada de sua filha sobre sua condição de homem trans, muito menos sobre a gestação. “Contarei a ela o que fiz: eu a carreguei na minha barriga da mesma forma que o Senhor Cavalo-Marinho”, segundo ele, Susan não acha nada de estranho nisso. Então, no ano de 2007, Thomas engravidou pela primeira vez. Os três filhos do casal nasceram de óvulos de Thomas e de espermatozoides do mesmo doador, que não é conhecido.
Nancy, Thomas e os três filhos moram na cidade de Phoenix, no Arizona, EUA. De acordo com eles, o único problema que eles enfrentam é o isolamento da sociedade. As crianças frequentam uma creche diariamente, mas os pais ficam isolados, não tendo contato com suas respectivas famílias.
A ideia deu tão certo, que o casal teve três filhos. Hoje, como popularmente é dito: ele resolveu “fechar a fábrica”. Uma das filhas do casal, Susan Beatie, de 3 anos, adora animais e deseja ser veterinária quando crescer. Em entrevista concedida ao Daily Mail, Thomas falou um pouco sobre como é a vida de um pai transexual e falou da repercussão de suas gravidez e as ameaças que sofre. Thomas afirmou que, desde o anúncio da primeira gravidez, a vida social não tem sido fácil, tendo em vista que a família já recebeu ameaças de morte, além de serem chamados constantemente de “aberração”.
No futuro, ele explica que não esconderá nada de sua filha sobre sua condição de homem trans, muito menos sobre a gestação. “Contarei a ela o que fiz: eu a carreguei na minha barriga da mesma forma que o Senhor Cavalo-Marinho”, segundo ele, Susan não acha nada de estranho nisso. Então, no ano de 2007, Thomas engravidou pela primeira vez. Os três filhos do casal nasceram de óvulos de Thomas e de espermatozoides do mesmo doador, que não é conhecido.
Nancy, Thomas e os três filhos moram na cidade de Phoenix, no Arizona, EUA. De acordo com eles, o único problema que eles enfrentam é o isolamento da sociedade. As crianças frequentam uma creche diariamente, mas os pais ficam isolados, não tendo contato com suas respectivas famílias.
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