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domingo, 6 de maio de 2012

Entrevista a Neto Lucon, Patricia Araújo, a travesti mais bonita do Brasil


"Conheço trans maravilhosas
que poderiam dar certo
como modelos"




"Até hoje não surgiu um furacão como Roberta Close"

Neto Lucon (Virgula, 2011)

Nem é preciso pedir um close nela. Com medidas generosas – 1.80m, 102cm de quadril e 97cm de busto – a modelo Patrícia Araújo atrai naturalmente os olhares por onde passa. Muitos de admiração, outros de inveja, mas nenhum que atreva negar sua beleza.

Em 2008, a carioca revelou um segredo à revista feminina Marie Claire: não nasceu mulher, é uma travesti. A informação não diminuiu os olhares. Ao contrário. Foi convidada no ano seguinte para o posto tradicionalmente ocupado pela top Gisele Bündchen no encerramento dos desfiles doFashion Rio 2009.

A empreitada a arremessou para a mídia, rendeu novos trabalhos, fotos, e até a oportunidade de ter pontas como atriz. Ganhou um episódio na série “A Lei e o Crime” e nas novelas “Luz do Sol” e “Vidas Opostas”, da Rede Record.

Longe do Brasil, Patrícia desfilou e representou o País em Toronto, Canadá, no evento Brazilian Bool. E venceu quatro concursos de Miss, entre eles, o Miss T-Girl World e o Miss Universo Trans.

Em entrevista exclusiva ao Virgula LifeStyle, a modelo fala sobre preconceito, opina sobre Lea T e afirma que Deborah Secco - eleita a mulher do ano pela revista “Alfa” - é a sua principal referência de feminilidade. Confira:

"Roberta é linda, maravilhosa, uma diva"
Você está de volta ao Brasil e já pensa retomar a carreira. Como foi começar em 2009, substituindo o posto geralmente ocupado por Gisele no Fashion Rio?
Foi maravilhoso, pois não imaginava que seria aquela bomba. Pelo menos aqui, no Rio de Janeiro, não se falava em outra coisa. Estive em todos os jornais, televisão, muitos comentários. Achei aquilo muito chique, um sonho realizado. Mas eu não estava preparada, ficava um pouco acanhada e não aproveitei tanto. De qualquer maneira, o evento ajudou muito minha carreira, pois apareceram muitos trabalhos e me deixaram conhecida.

Em tempos de Lea T e Andrej Pejic, encontra dificuldades para dar seguimento na carreira de modelo?Existem dificuldades, claro. Ainda rola muito preconceito, mas acho depende muito mais do esforço da pessoa, da sua vontade de correr atrás. Sinceramente, comigo, já acostumei, tiro de letra. Tive essa oportunidade, fiz inúmeros trabalhos, conheci pessoas legais, estou mais tranquila, mas sempre pinta trabalho. Fico triste com as meninas travestis que estão começando agora. É muito mais complicado.

O que pensa sobre a exposição da modelo transexual Lea T?
Acho que ela ajuda a quebrar estigmas, é positiva esta fama, mas não a considero um furacão como a Gisele. Para mim, ela tem uma beleza normal, nada tão espetacular. Conheço outras trans maravilhosas que poderiam dar muito certo como modelo. Mas elas mandam books para agências, mas quando falam que são travestis... A Lea T deu sorte de ter um empurrão de outra pessoa lá de fora.

Você também já tentou entrar em uma agência de modelos?Antes de aparecer na mídia, fui a uma agência e um cara falou: “na minha agência tem muita garotinha, menor de idade. Então, apesar de você ser linda, você é travesti e os pais não vão gostar”. Eu não entendo, mas tudo bem. Fora daqui é diferente. Em Roma, por exemplo, tive um trabalho maravilhoso. Estava na rua e uma menina me chamou, falou que precisava de uma modelo como eu. Falei que era travesti e eles não se importaram. Fiz umas fotos de biquíni e foi maravilhoso. Acho que quebro um pouco o preconceito com minha presença, por ser simpática e saber respeitar a todos.

"Não sofro preconceito, sofro inveja"
Prefere passarela ou fotos?Gosto bastante de foto, pois sou bastante fotogênica. Para passarela, consideram meu corpo mais parecido com o de miss. Também sou alta, tenho 1.80m, cintura fina, gostosona. Não desisti de passarela, não. Qualquer trabalho que pintar neste sentido, eu vou com tudo.

Em sua opinião, Roberta Close ainda é a trans que teve mais importância no Brasil?Com certeza. Quando ela estourou, eu era criancinha e peguei uma grande parte deste estouro. Até hoje não surgiu um furacão como a Roberta Close. Para mim ela é uma diva, maravilhosa e desbancava qualquer mulher da época. Hoje, muita gente me compara a ela, inclusive várias amigas dela. Falam: “vocês são diferentes fisicamente, mas tem aquela mesma coisa de chegar e parar o ambiente”.

Você disse que o preconceito é veiculado à inveja. Por ser uma travesti muito bonita, você sofre muito preconceito?Sofri inveja de algumas mulheres. Às vezes estou em uma loja e uma mulher chega com o marido, dá um olhar de inveja, depois começa a rir... Hoje, mesmo, uma mulher passou por mim com o namorado e ficou querendo alfinetar: “não é mulher, é travesti”. Então eu vejo que não é pelo preconceito por ser travesti, é mais pela inveja por eu ser bonita. Mas entre as modelos, não sofro. A Isabeli Fontana e outras modelos que estiveram comigo nem tem por que ter inveja. Aliás, a Isabeli é chiquérrima, linda, uma fofa!

"Me sinto realizada por minha família ver o que sou"
Você foi Miss Brasil Transex 2002, Miss T-Girl World 2004, Miss Universo Trans 2005 e ainda hoje é considerada a travesti mais bonita do Brasil. O que estes títulos representam para você?Sempre uma vitória a mais. Nasci um menino, com corpo de menino e espírito de mulher. E hoje sou vista como uma figura totalmente feminina e admirada por isso. Me sinto realizada por minha família ver o que sou, chegar à casa da minha mãe e ver inúmeros troféus, faixas. Não é aquela coisa de vaidade, é mais uma questão de vitória. Eu consegui, consegui meu espaço. É maravilhoso.

Existe alguma mulher que você se inspira?Sempre achei a Luiza Brunet maravilhosa, principalmente quando eu era novinha. Mas hoje em dia acho que a Deborah Secco é a grande inspiração. Gosto do trabalho, também conheci ela pessoalmente, acho linda. Eu queria ser uma Déborah Secco travesti (risos). Tanto pela oportunidade de trabalho, quanto pela beleza.

Para você, tudo bem ser identificada como travesti? Ou você gostaria de ser vista como mais uma bela mulher?O que me incomoda não é ser conhecida como travesti, são os trabalhos. Quando me chamam para fazer uma ponta em uma série, em uma novela, é sempre para fazer a travesti. Não tenho problema em ser reconhecida como travesti, até porque eu sei que sou uma, sou bem amada, já tive inúmeros namorados maravilhosos. Mas gostaria de fazer outros papéis, outras participações, até porque tenho estrutura para isso. Já fiz teatro, televisão, e poderia fazer uma mulher, por exemplo.

Qual é o seu maior sonho?Acho que já realizei a maioria dos meus sonhos. Adoraria encontrar o meu príncipe encantado e viver feliz. Profissionalmente, gostaria de fazer mais novelas, mais séries, desfiles. Se as pessoas abrissem a mente, tudo seria mais legal. Não que eu me ache muita coisa, mas as pessoas gostam daquilo que foge do convencional. E eu tenho exatamente isso.

Travestis e transexuais podem ter nome social em documento no RS


Marcelly Malta
Carteira de Nome Social terá o mesmo valor que o RG
Com o projeto da Secretaria de Segurança Pública (SSP), travestis e transexuais do Rio Grande do Sul poderão solicitar nos órgãos de identificação estaduais a Carteira de Nome Social, com o registro do nome que escolherem, que vai passar a ter o mesmo valor e função do documento da Carteira de Identidade. 


O projeto tem apoio de Organizações Não-Governamentais (ONGs) e entidades de combate à homofobia. No documento, constará o número do Registro Geral (RG) e do Cadastro de Pessoa Física (CPF). Expedido paralelamente com a Carteira de Identidade, ele servirá como identificação nos serviços públicos prestados pelo Estado.

O documento que autentica a lei espera apenas pela assinatura do governador Tarso Genro para ter validade. O Grupo de Trabalho que está à frente do projeto torce para que ele seja assinado antes do Dia Estadual de Combate à Homofobia, em 17 de maio. Após a aprovação, as pessoas interessadas vão precisar procurar o Departamento de Identificação do Instituto-Geral de Perícias (IGP), em Porto Alegre ou os postos do interior do estado, para a efetização do nome social.

fonte: G1

Polícia Civil prende travesti indiciado por tráfico interno de pessoas


Polícia Civil

A titular da Data, Christiane Lobato, informa que outras duas pessoas que fariam parte do esquema de aliciamento já foram identificadas
Polícia Civil
Josiel Paulista Vieira, 30 anos, vai responder pelo crime de rufianismo, que é tirar proveito financeiro da prostituição. Ele nega as acusações.

    Da Redação
    Agência Pará de Notícias

    Policiais civis da Divisão de Atendimento ao Adolescente (Data) transferiram, nesta quinta-feira (3), de Brasília (DF) para Belém, o travesti Josiel Paulista Vieira, 30 anos, conhecido como “Érika”, indiciado no Pará por crime de tráfico interno de pessoas. Ele foi preso mês passado em Anápolis (GO), por crime de rufianismo, que é tirar proveito financeiro da prostituição.
    Nascido em Buriti Bravo, interior do Maranhão, Josiel foi denunciado em Belém, por um adolescente de 17 anos que o acusa de levar pessoas para Goiás com objetivo de exploração sexual. Ele é investigado sob suspeita de integrar uma rede responsável em promover o tráfico de pessoas para esse fim.
    O crime foi denunciado em setembro do ano passado ao Conselho Tutelar 7, situado no bairro do Benguí, que encaminhou a denúncia à Polícia Civil. O conselheiro tutelar Fernando Sampaio explicou que familiares do adolescente procuraram o órgão para denunciar que havia 15 pessoas, entre paraenses e maranhenses, em uma casa de prostituição, em Anápolis. A informação passou a ser investigada pela equipe da Data, que começou a trocar informações com a Polícia de Goiás.
    Segundo a diretora da Data, Christiane Lobato, já há duas pessoas identificadas envolvidos no esquema de aliciamento para prostituição. Os nomes ainda serão mantidos sob sigilo em função do andamento das investigações. Érika tem passagens pela Polícia Federal em Goiás, nos anos de 2006 e 2007, por crime de tráfico internacional de pessoas.
    O Pará é um dos nove Estados brasileiros que têm um Núcleo Estadual de Prevenção e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Trabalho Escravo, sob coordenação da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh). O coordenador estadual de Prevenção e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Trabalho Escravo, da Sejudh, Murilo Sales, explica que, desde 2007, há um trabalho preventivo para combate à rota do tráfico de pessoas que vai do Pará para o Suriname e Guiana Francesa.
    “Nos deparamos com o tráfico interestadual de pessoas do Pará para São Paulo e Anápolis, em Goiás”, diz, explicando que a rota do Pará para Anápolis foi descoberta recentemente. O Pará será pioneiro no Brasil na criação de uma Delegacia de Combate ao Tráfico de Pessoas, que será criada após a implantação da Diretoria de Atendimento a Grupos Vulneráveis. A unidade policial será subordinada à Divisão Especializada de Combate aos Crimes Discriminatórios.
    Josiel Paulista Vieira conta que fugiu para o Estado de Goiás aos 18 anos de idade. Na época, trabalhava com a mãe, no interior do Maranhão, em um restaurante de beira de estrada. Ele afirma que conheceu, na ocasião, um caminhoneiro que lhe deu carona até Goiânia para ir em busca de “uma vida melhor”, por meio da prostituição.
    Depois de alguns anos, Josiel conheceu um espanhol, que foi seu cliente de programa sexual em Goiânia. O estrangeiro o teria convidado para viajar para Madri, capital do país. “Fique lá por dois anos e seis meses, o tempo em que terminava de pagar um lote de terra em Anápolis, onde iria construir uma casa que iria usar como hospedagem para receber travestis que não tinham onde ficar em Goiás”, explicou, ao detalhar que o local era uma espécie de república, onde cada um pagava de aluguel R$ 150 por mês para poder comer e dormir.
    Segundo ele, a denúncia feita à Polícia seria um ato de vingança, por parte do adolescente, pelo fato de o mesmo ter sido expulso da hospedagem após dez dias de permanência no local. O fato teria ocorrido há cerca de um ano. O indiciado alega que descobriu que o jovem teria furtado dois telefones celulares de clientes que foram se queixar com Josiel. Ainda segundo o acusado, os travestis não faziam programas sexuais na hospedagem, mas nas ruas. Atualmente, contou, nove travestis permaneciam hospedados no local, dos quais, quatro do Pará.

    Texto:
    Walrimar Santos - Polícia Civil
    Fone: (91) 4006-9036 / (91) 9941-3490
    Email: walrimar@gmail.com

    TRF condena mulher que agenciava travestis em SP



    Ela foi condenada pelo Tribunal Regional Federal por tráfico internacional de pessoas


    O TRF (Tribunal Regional Federal) reverteu a sentença e condenou a mulher que agenciava travestis por tráfico internacional de pessoas, em São Paulo.

    A criminosa foi condenada a três anos e quatro meses de reclusão e, por ser ré primária, teve sua pena convertida em prestação de serviços à comunidade e pagamento de um salário mínimo mensal a uma entidade social, durante todo o período de  condenação. 

    De acordo com o TRF, a ré intermediou e promoveu a viagem de, pelo menos, três travestis à Europa, em busca de ganhos com prostituição. A Justiça reconheceu que a vulnerabilidade das vítimas torna irrelevante o seu consentimento com a viagem.

    A sentença de primeira instância havia absolvido a mulher sob o argumento de que as travestis consentiram com a viagem e que a condenação transformaria o ordenamento jurídico em "vigia da moralidade sexual das pessoas".

    Na apelação, inteiramente aceita pela Justiça, a procuradora da República Eugênia Augusta Gonzaga reconheceu que as vítimas não foram enganadas ou forçadas à viagem, mas apontou a situação de absoluta vulnerabilidade de travestis e transexuais.

    Ministério Público
    O MPF (Ministério Público Federal) explica que se trata de pessoas cujo psicológico não se identifica com suas características físicas, o que gera enorme sofrimento psíquico.

    Quando elas decidem assumir o seu sexo e orientações psicológicas passam a enfrentar imensas barreiras sociais, o que compromete até mesmo a sua sobrevivência.

    Por esses motivos, a situação dos travestis está entre as mais dramáticas entre os diversos grupos minoritários que são constantemente discriminados.

    Para a procuradoria, na maioria das vezes eles acabam por se tornar profissionais do sexo por não lhes restar outra opção de trabalho.

    Na ação criminal, o MPF apresentou inúmeras provas documentais, depoimentos e escutas telefônicas que demonstraram a conduta ilegal da ré. Ela agenciava cirurgias plásticas para melhorar a aparência das travestis e a compra das passagens.

    Prisão
    A ré vinha sendo investigada pela 1ª Delegacia de Proteção à Pessoa e, no dia 22 de abril de 2008, foi presa no Aeroporto Internacional de Guarulhos, quando intermediava a viagem de duas travestis para a Suíça.

    O desembargador federal Cotrim Guimarães não concordou com decisão de primeira instância. Para ele o consentimento das vítimas não afasta a ilicitude das ações da ré.

    Guimarães também chegou à conclusão de que a ré não se importava com os riscos que as pessoas que ajudava a viajar para o exterior corriam, embora soubesse que estavam indo para outros países para se restituírem.

    "Fui espancada e julgada", conta Titica, cantora transexual sensação do kuduro




    Fonte: http://virgula.uol.com.br 


    Titica não sabe quem é Björk, mas Björk conhece muito bem o trabalho de Titica. Nascida em Angola como Teca Miguel Garcia, a cantora adotou seu nome feminino quando veio ao Brasil para implantar suas próteses de silicone, em 2009.


    Aos 25 anos de idade, Titica é muito mais do que um ícone gay ou uma transexual bem sucedida. Ela é o novo rosto do kuduro, um gênero nascido na periferia de Luanda, que mistura dança, rap, batidas eletrônicas e ritmos da cultura local como o semba e a kizomba.


    Nomeada Melhor Artista de Kuduro em 2011, Titica quebrou as barreiras do preconceito em um país marcado pela intolerância ao receber o prêmio das mãos do presidente José Eduardo dos Santos. Apesar do tabu, a bailarina vem colecionado fãs e desperta muito mais interesse por sua arte que por sua sexualidade.
    Sua música é tão original, que a angolana foi citada em uma recente entrevista de Björk ao jornalThe Guardian como uma das influências para seu trabalho atual. Mais do que derrubar paredes dentro de seu próprio país, Titica tem vencido barreiras culturais.


    “Eu são sei quem ela é, mas estou muito feliz por isso. Saiu em uma revista americana?”, disse a cantora em uma sincera entrevista ao Virgula Música. Com educação em balé, Titica se envolveu com o ritmo como bailarina de artistas populares da cena local como Noite & Dia e Própria Lixa.


    “Comecei como bailarina, depois resolvi cantar. É muita responsabilidade. 


    Você precisa estar sempre preocupada com a mensagem que está passando para as pessoas. Kuduro é responsabilidade. Muita gente o usa como um refúgio para as drogas. Ele afasta muitos jovens dessa vida”, conta.


    “O ritmo começou nos guetos, que é como chamamos as favelas no meu país. Por isso é feito para as pessoas refletirem, protestarem e, é claro, se divertirem. Ele começou como uma dança, por isso também é composto em cima de ritmos e batidas, feito para festejar”.


    Björk é fã de Titica, mas quem são os seus ídolos? “Gosto muito de BeyoncéRihanna e Ary[famosa cantora angolana de kizomba, com quem gravou o hit Olha o Boneco]. Também gosto muito de Ivete Sangalo
    , ela é o máximo”.
    


    Então você gosta de música brasileira? “Eu amo Ivete Sangalo. Queria gravar uma música com ela. 


    Também gosto do Latino e de forró. Conheço um grupo que chama Aviões do Forró. É uma música para dançar coladinho, gosto do ritmo. Tem também aquela mulher, a Tati Quebra Barraco, que canta uma música que fala ‘agora eu sou solteira e ninguém vai me segurar’.”


    Já ouviu o funk carioca? “Sim, sou doida por funk. Fui a um baile e é muito parecido com as raves [como são conhecidas as festas de kuduro em Angola]. As roupas, as danças, as batidas. A única coisa que não se parece muito são as letras. O funk lembra é mais cantado, é o kuduro mais ritmado, como o rap. No Brasil eu percebi que os homens só cantam, mas lá em Angola todo mundo dança.”


    Surpreendentemente tímida para uma extravagante artista, Titica evita comentar sua sexualidade. Mas confessa que já sofreu muito preconceito. 


    “Apanhei, fui apedrejada e julgada. Hoje muita gente me respeita, mas meu país é preconceituoso. Atualmente o preconceito por lá é uma poeira perto do que já foi um dia, mas muita gente ainda tem a mente fechada”. Em Angola, uma nova lei criminalizando a homofobia está inclusive para ser aprovada no Parlamento.


    Você acha que a fama pode te levar a ajudar pessoas que estão na mesma situação que você esteve um dia? “Eu já ajudei muita gente e vou continuar ajudando. As pessoas precisam amar a Deus em primeiro lugar, e em seguida ter muito amor próprio. Se nos fossemos obra do demônio como dizem por aí, Ele não me ajudaria a chegar até aqui”, finaliza.


    Titica e o também angolano grupo BWG são as duas atrações internacionais do Viradão Carioca, que acontece este final de semana no Rio de Janeiro. Os representantes do Kuduro se apresentam no sábado (5), no palco Bangu, localizado na Zona Oeste. Veja a programação completa e outras informações aqui
    
    

    Transexual Angolana Titica abusa no rebolado e faz público dançar kuduro no Viradão Carioca



    Titica abusa no rebolado e faz público dançar kuduro no Viradão Carioca

    Transexual angola levou clima africano à 2ª noite de shows em Bangu.
    Após show, ela quer aproveitar o Rio: 'Deixo para dormir em casa'.Com fôlego de sobra, Titica rebolou, deu cambalhotas e até ficou de cabeça pra baixo para mostrar o kuduro ao público que compareceu à segunda noite do Viradão Carioca, neste sábado (5), em Bangu, na Zona Oeste do Rio. Acompanhada de duas dançarinas, a transexual angolana, de 24 anos, levou o clima do país africano à Praça das Juras e empolgou a plateia.


    Público compareceu às atrações do Viradão no palco de Bangu

    “O brasileiro é sem dúvida o meu segundo melhor público, claro, porque Angola vem em primeiro lugar. Mas eu me senti em casa aqui, não esperava isso tudo. Essa é a minha sétima passagem pelo Brasil e parece que é a primeira. O frio na barriga é o mesmo. O kuduro é isso: é quente, é sensual, tem a cara do brasileiro”, disse ela.

    A empolgalção da angolana era tanta que nem mesmo um problema no som, que a obrigou a trocar a sua apresentação com o cantor Márcio G, a fez desanimar.Antes de subir no palco, Titica se aquecia e dava os últimos retoques na maquiagem, enquanto era concorrida pelos fotógrafos. Sem esconder o nervosismo, ela falou da responsabilidade de se apresentar no Viradão Carioca, uma promoção da Riotur e da Globo Rio. Todos os shows são gratuitos.

    “Isso está acontecendo na cidade inteira, é um grande evento, não tem como não ficar nervosa. O público que veio aqui quer música, quer espetáculo”, disse Titica, que falou sobre o problema no som: “Foi apenas um susto. Nada grave, o CD quis aprontar, mas a gente conseguiu resolver tudo a tempo, assim é bom que dá um pouco de adrenalina”, disse.

    Esta é a sexta visita deTitica ao Rio de Janeirox. Em uma das viagens à cidade, há 3 anos, ela implantou prótese de silicone nos seios. Desde então, abusa de fartos decotes e incorporou a seu vocabulário expressões do típico “carioquês”, como “já é” e “demorô”. Titica explicou que seu nome é uma homenagem ao apelido que recebeu de seus pais na infância, Tica-Tica, que significa criança peralta. Em seus documentos, ela tem o nome de Teca Miguel Garcia.

    Show em clima africano

    Por volta das 19h40, Titica subiu ao palco e disse logo a que veio. Ela pulou, rebolou e ensinou o kuduro à plateia, que atendia a cada orientação. Em meia hora de show, a angolana cantou sucessos de seu país e até arriscou uma mistura de funk com kuduro. Para isso, contou com a participação da funkeira Garota X, que arriscou uns passos.

    Mesmo após o show, Titica continuou dançando e adiantou: a noite estava só começando. “Eu vou apenas descansar um pouco e depois vou para uma discoteca da comunidade angolana, em Copacabana. Eu deixo para dormir quando estiver em casa, aqui eu quero aproveitar. A noite não tem hora para acabar, ainda tenho muito kuduro guardado”, afirmou.

    Para o domingo (6), a musa angolana do kuduro disse que vai descansar e fazer uma visita a um estilista. Ela pretende levar algumas roupas feitas no Brasil para os seus shows em Angola. “Se o Brasil é a terra do carnaval e Angola é a terra do kuduro, a minha roupa representa essa união. Quanto mais brilho, melhor”, afirmou.

    Parceria com Latino e Hawaianos

    A cantora lançou o primeiro CD em outubro e já conseguiu emplacar quatro músicas no topo de hits do kuduro. Para seu próximo trabalho, ela sonha em uma parceria com o cantor Latino ou com o grupo de funk “Os Hawaianos”, que abriu a segunda noite de shows em Bangu.


    A cantora angolana diz que, depois de Angola, o Brasil tem seu segundo melhor público


    Carol Marra: "Não foi fácil aceitar que eu nasci no corpo errado"


    A transexual mineira, que já desfilou para o estilista Ronaldo Fraga, diz por que não quer ser comparada a Lea T

    Por: Guilherme Dearo
    Carol Marra: 'Roberta foi a primeira'
    Carol Marra: ''Roberta foi a primeira'' (Sandra Sayão/ Head Booker)
    Você se inspirou em Lea T? 
    Nada disso. Nem quero que você toque no nome dela na entrevista, o.k.? As pessoas falam da Lea como se não existisse a Roberta Close, que de fato foi a primeira modelo transexual.
    Então, a Roberta foi sua inspiração? 
    Não é isso. Só estou dando o crédito a quem de direito. Minha carreira tem outra origem. Sou jornalista e trabalhava como produtora de moda. Os fotógrafos me viam e diziam que eu deveria trabalhar como modelo. Foi assim que tudo começou.
    Por que você demorou tanto para se decidir? Não levava esses conselhos a sério, sempre fui tímida. Também tinha o fato de que eu precisei de muito tempo para me aceitar como transexual. Não foi fácil aceitar que eu nasci no corpo errado.
    Sua família apoia sua carreira? 
    Claro que foi difícil para os meus pais, no início. Eles sofreram bastante enquanto eu ainda estava me descobrindo. Mas eles até já viram alguns de meus desfiles e se emocionaram muito.
    Qual a situação mais difícil que você já enfrentou por causa de sua condição? Geralmente, sou confundida com mulher e, em baladas, muitos caras mudam de comportamento quando digo que sou transexual. Alguns são agressivos, outros simplesmente viram as costas e vão embora. Sigo em frente. Tenho a obrigação de combater a intolerância.