Por:Rafael Ribeiro
Justiceiro é um personagem de história em quadrinhos conhecido por matar os criminosos que encontra pelo caminho. Pois é por esse apelido que o soldado da Polícia Militar André Vitorino Silva, 33 anos, gosta de ser chamado. Ele foi preso no fim de semana em Mauá acusado de ser o autor de dois homicídios, de uma jovem de 17 anos e do travesti Kleberson Allan dos Anjos Santos, 18.
Sempre usando camisa com a caveira símbolo do personagem fictício, Silva é taxado pelos próprios colegas do 30º Batalhão, em Mauá, como psicopata. Acumulava prisões por desobediência hierárquica e deixava claro às pessoas ao seu redor que resolvia seus problemas na bala. "Ele falava que matava mesmo, sem dó", disse um funcionário de um bar frequentado por ele, no Centro da cidade.
Foi lá a última vez que a garçonete Ísis Cristina de Araújo foi vista. Ela entrou no Uno branco do policial, na noite de 16 de julho. No dia seguinte, ela foi encontrada morta, com marcas de luta corporal e baleada na cabeça, face e tórax.
Segundo familiares da garota, Silva havia conhecido Isis cinco meses antes do crime, na pista de skate do Paço. Usando roupas punks e cabelo cortado no estilo moicano, tingido de roxo, ela chamou a atenção durante a batida que o policial dava no local. Logo passou a acompanhar a jovem a bares e, principalmente, a levá-la para comprar cocaína.
"Ele ligava e eu dizia que ele era muito velho, para ela se afastar que não valia a pena", disse um parente. Foi durante uma dessas saídas que aconteceu o crime. O policial tentou agarrar Ísis à força e ela recusou. Foi golpeada no rosto antes de ser baleada.
Silva confessou o crime após sua prisão no 2º DP (Guapituba) da cidade. Só não esperava ser acusado de outra morte pela própria namorada. Arquivado desde agosto de 2009, quando aconteceu o homicídio, a morte do travesti em Ribeirão Pires pode ser solucionado pela Polícia Civil.
Na terça-feira, a mulher procurou o DP para informar que o policial é o autor do tiro na cabeça que matou Santos. Tudo para mostrar à ela que aquele poderia ser o seu fim caso insistisse em terminar o relacionamento. "Ele a chamou para uma conversa e acabou fazendo isso", disse um parente da moça.
Às pessoas com quem convivia, Silva disse que havia deixado a corporação. Policiais de Mauá, no entanto, disseram que seu processo de expulsão não foi concluído. Por isso, ele ficará detido na Prisão Romão Gomes, na Capital, só para policiais.
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